Caríssimos irmãos e irmãs, com alegria estamos celebrando o
14º domingo do tempo comum. Nesta ocasião, celebramos a “Missão de Férias”,
realizada em nossa paróquia nos dias 03, 04 e 05 de julho de 2015. A liturgia
de hoje nos diz que o Senhor continua a nos chamar para que sejamos as suas
testemunhas no mundo. Deus esconde a sua onipotência sob os véus da humildade,
manifesta a sua grandeza por meio da fraqueza e da pequenez, mostra que é o
Deus do impossível, que pode tudo através da simplicidade e humildade de Jesus
de Nazaré.
Na primeira leitura, escutamos o relato da vocação de
Ezequiel, profeta da esperança que conduziu o povo no período do exílio. “Ouvi
então Alguém que me dizia: Filho do homem, Eu te envio aos filhos de Israel”.
Essa expressão em hebraico significa homem fraco, mortal. O Apóstolo, na
segunda leitura, nos mostra grande autoconhecimento e humildade: “Para que a
grandeza das revelações não me ensoberbeça, foi-me deixado um espinho na carne,
- um anjo de Satanás que me esbofeteia-para que não me orgulhe”. Ele, na sua
humildade reconhece a sua fraqueza, mas mesmo diante dela, foi ele a quem Deus
chamou e enviou para dar testemunho de Cristo. O Senhor Jesus, na sua humildade
nasce na pobreza de um estábulo em Belém, convive com Maria e José na maior
simplicidade em Nazaré, território agrícola que nunca teve importância para o
judaísmo, e quase nunca é citado no Antigo Testamento, nem pelos escritores da
época. Jesus escolhe nascer e viver nesta humildade, contudo não é reconhecido
como Deus nem pelos seus familiares. Eles o chamam carpinteiro, filho de
Maria... Ao longo da história Deus tem se manifestado aos fracos, aos simples.
Ao chamar discípulos para os seguirem, chamou pescadores. Em Lourdes, Nossa
Senhora escolhe aparecer a uma pobre menina iletrada, Bernadete Soubirous, na
gruta de Massabielle, uma gruta cheia de lixo e fezes de porcos. Em Fátima,
aparece a três pastorinhos, crianças pobres; em Aparecida, a pescadores...
O que é interessante no Evangelho de hoje é a atitude de
fechamento a Deus e a não correspondência a este amor. Tenta-se calar uma voz
profética. “O profeta é aquele que provoca um desconforto. Ele é um desafio que
Deus lança ao povo. O profeta é Deus quem impõe seu estilo e seu ‘passo’ ao
homem, obrigando-o a quebrar o ritmo do próprio passo; o profeta por isso é a
novidade de Deus, é o imprevisto, é a mudança. Mas as pessoas não gostam da
novidade, ou melhor, gostam de novidade, não nelas, mas ao redor delas. As
pessoas se protegem de todo jeito para não mudar. Apelam para o passado, para a
segurança, para a tranquilidade e a segurança que dão as coisas que sempre
foram feitas; Quem é este que quer revolucionar as coisas? Que necessidade de
mudar? Sempre se fez assim!” Cf. CANTALAMESSA, Frei Raniero. Pregador da Casa
Pontifícia. O Verbo se fez carne. Ave-Maria, São Paulo, 2013.
É assim que acontece muitas vezes em nossas comunidades. Não
se quer acolher o novo, o profético. As pessoas estão na zona de conforto.
Apegadas aos seus cargos, a sua maneira de pensar e agir. Se alguém diz: “neste
ano, vamos fazer determinada coisa na festa do padroeiro.” Quem está apegado ao
cargo diz: Quem é esse que já quer ditar o que deve ser feito por aqui? Que
ideias são essas? Nós temos aqui uma tradição de 20 anos. Quem é esse para querer
quebrar essa tradição? Esse aí, não sabe nem como é que funciona a pastoral.
Não é nem da comunidade, só frequenta a missa. “Nós não estamos precisando de
ajuda, já está tudo acertado.”
Paulo nos mostrou que a força de Deus se manifesta na
fraqueza. Na eucaristia, que iremos daqui a pouco comungar, vemos que Jesus não
quis permanecer numa rica iguaria, mas no Pão, alimento humilde presente em
todas as mesas.
Padre Carlo Daniel
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